6 perguntas para Julio Quintella, Head de Produto na Vittude
Por Redação BossaBox - Beatriz Chueri

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Como liderar um time de produto quando as regras do jogo estão sempre mudando? Em mercados como o de saúde digital, o desafio vai muito além de apenas entregar soluções eficientes. A missão é clara: criar estratégias que conectem visão de produto, alinhamento entre áreas e autonomia com responsabilidade, tudo ao mesmo tempo.

Julio Quintella, Head de Produto na Vittude, compartilha suas abordagens sobre como manter o time focado em três pilares fundamentais. Nesta entrevista, ele revela como constrói equipes que conseguem se adaptar às incertezas e tomar decisões estratégicas com rapidez sem perder de vista a missão final: entregar valor de verdade.

BossaBox — Quais critérios ou metodologias você considera mais relevantes para garantir que o time de produto esteja adequadamente estruturado para atender às demandas e expectativas de entrega com eficiência?


Julio Quintella Um time de produto bem estruturado precisa operar com base em três pilares fundamentais: visão clara, alinhamento eficaz e autonomia com responsabilidade. Esses pilares garantem que as demandas e expectativas de entrega sejam atendidas de maneira eficiente e estratégica

Primeiro, é essencial que o time tenha uma visão clara do que está fazendo e o propósito por trás de cada decisão. Eles devem conhecer profundamente as dores dos clientes, o mercado em que atuam e o valor que o produto entrega. Para que isso seja feito de forma efetiva, é necessário, antes de tudo, compreender os objetivos estratégicos da empresa, o que permite um direcionamento consistente e motiva o time a tomar decisões alinhadas ao impacto que precisam gerar.

O segundo pilar é o alinhamento eficaz, especialmente porque produto é, por natureza, uma função de interface entre diversas áreas. O time precisa ser comunicativo e transparente, promovendo colaboração constante com outros departamentos. Todos os movimentos, desde os estratégicos até os operacionais, devem ser compreendidos pelos stakeholders. Para isso, as habilidades de comunicação e colaboração são fundamentais para o sucesso e a eficiência.

Por fim, a autonomia com responsabilidade é imprescindível. O time precisa ter a liberdade de resolver problemas e tomar decisões, mas deve estar preparado para assumir a responsabilidade pelos resultados. Essa combinação estimula a proatividade e o pensamento voltado à execução, garantindo não apenas boas soluções, mas também resultados mensuráveis e concretos.

Como líder, é importante estimular e preparar o time para operar nesses três pilares, criando processos claros e bem definidos para garantir eficiência e manter o alinhamento com as áreas envolvidas.

BossaBox — Quais áreas de expertise, temas ou habilidades você acredita que os Heads de Produto devem explorar para que permaneçam competitivos no futuro?

Julio Quintella Há três áreas principais que considero fundamentais: capacitação do time, comunicação e negociação, e proximidade com o mercado.

O desenvolvimento e a capacitação são cruciais. Como líder, você precisa garantir que o time esteja no caminho certo para o crescimento. Isso envolve conhecer profundamente cada pessoa e garantir que ela esteja na posição adequada, sendo estimulada e direcionada de forma estratégica. Uma decisão errada pode levar à improdutividade e frustração, afetando a evolução do time e gerando rotatividade.

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A comunicação e negociação são essenciais para posicionar o time de produto como protagonista nas decisões da empresa. Um líder deve garantir que o time esteja alinhado com outras áreas e que as prioridades estejam sempre claras. Ao dominar a negociação, o time consegue influenciar as decisões estratégicas e garantir que o produto tenha o impacto necessário no negócio.

Por fim, proximidade com o mercado é fundamental. É necessário estar conectado às tendências e mudanças do mercado para garantir que o produto esteja sempre atualizado e relevante. Essa proximidade também permite antecipar oportunidades e desafios, mantendo o time engajado e pronto para inovar.

BossaBox — Quais são as principais habilidades que você procura ao formar um time de produto de alto desempenho?

Julio Quintella Ao formar um time de produto de alto desempenho, a principal coisa que busco é garantir que todos operem na mesma frequência. Mesmo que o time seja formado por pessoas talentosas, sem alinhamento, as coisas não funcionam. Para garantir esse alinhamento, há três habilidades fundamentais: colaboração, pensamento crítico e proatividade com autonomia.

Colaboração é a base para o funcionamento eficiente de um time de produto. Como o time atua como interface entre diversas áreas, a colaboração precisa fluir tanto entre times internos, como design e tecnologia, quanto com stakeholders externos e específicos. Colaborar de forma eficaz gera alinhamento, reduz mal-entendidos e melhora a eficiência nas entregas. Além disso, ser colaborativo permite identificar problemas mais rapidamente, já que diferentes perspectivas são levadas em consideração. No dia a dia, a colaboração impacta diretamente na qualidade das soluções, garantindo que todos estejam comprometidos com um objetivo comum.

Pensamento crítico é o motor que garante que as decisões sejam bem embasadas, evitando retrabalho e discussões desnecessárias. Um time com pensamento crítico questiona as decisões com base em dados e evidências, o que reduz o espaço para suposições e desalinhamentos. No dia a dia, o pensamento crítico dá segurança ao time, permitindo que ele se mova com confiança. Isso também gera um ambiente de trabalho mais saudável, onde as decisões são baseadas em fatos e não em achismos.

Proatividade e autonomia são o que movem o time de forma contínua, garantindo que ele não apenas reaja a desafios, mas também os antecipe. Um time proativo, que tem autonomia para agir, está sempre buscando melhorias e identificando oportunidades antes que os problemas se agravem. Esse comportamento garante que o produto continue competitivo e que o time esteja sempre pronto para enfrentar novos desafios.

BossaBox — Quais são, na sua opinião, os três maiores desafios que um Head de Produto precisa superar hoje em dia, e como você tem enfrentado essas questões na sua experiência?

Julio Quintella Na minha experiência, os três maiores desafios que um líder de produto enfrenta atualmente são: capacitação e desenvolvimento do time, priorização eficaz e gestão da complexidade e escala.

Capacitação e desenvolvimento do time pode até parecer fácil e óbvio, mas é a maior responsabilidade de um líder. Conhecer bem as pessoas e garantir que cada membro esteja sendo estimulado e direcionado da melhor maneira é essencial. Mover alguém para a direção errada pode gerar frustração e improdutividade, com o risco de perder bons profissionais que sentem que não estão crescendo. No dia a dia, isso resulta em uma equipe desmotivada, o que afeta diretamente a performance e a coesão do time.

Outro grande desafio é a priorização eficaz. Em um ambiente onde tudo parece urgente, saber o que realmente deve ser priorizado é fundamental. A falta de uma priorização clara pode gerar confusão e desalinhamento, tanto dentro do time quanto em relação aos stakeholders. Isso afeta diretamente a eficiência das entregas e aumenta a pressão sobre a equipe. É necessário garantir que a priorização seja guiada por dados e pelo impacto no negócio, além de estar alinhada com a estratégia da empresa.

Por fim, a gestão da complexidade e escala é um desafio constante à medida que o produto cresce. Com o aumento da complexidade, fica mais difícil gerenciar múltiplas funcionalidades e fluxos de trabalho sem perder agilidade. A falta de processos claros para lidar com a escala pode criar gargalos e atrasos, prejudicando a evolução do produto. No dia a dia, isso resulta em entregas mais lentas e maior pressão sobre o time.

BossaBox — Para garantir que o time de produto esteja impactando diretamente os resultados da empresa, quais métricas de negócio você prioriza e monitora regularmente?

Julio Quintella Garantir que o time de produto impacte diretamente os resultados da empresa requer, antes de tudo, saber quais são as métricas corretas para o seu contexto e como impacta-las de forma prática. A escolha dessas métricas depende do estágio e dos objetivos estratégicos da empresa. O papel do time de produto é transformar esses grandes objetivos em métricas acionáveis no dia a dia, que o time possa influenciar diretamente.

Se a prioridade é o crescimento, métricas como conversão de novos clientes ou upsell serão essenciais. Se o foco é retenção, é fundamental acompanhar indicadores como churn, engajamento e uso de funcionalidades chave. O desafio é garantir que essas métricas estejam sempre conectadas à estratégia da empresa e que o time entenda como suas ações impactam os resultados.

Para isso, frameworks como OKRs (Objectives and Key Results) e NSM (North Star Metric) são extremamente úteis.

OKRs permitem conectar os grandes objetivos da empresa com metas claras e mensuráveis, que ajudam a quebrar o que a empresa quer atingir em resultados específicos e rastreáveis. Eles proporcionam foco e clareza sobre o que deve ser priorizado, ao mesmo tempo que mantêm todos alinhados com a visão macro.

O NSM é um framework eficaz que ajuda a identificar o principal indicador de valor entregue ao cliente. A partir desse direcionamento, outras métricas intermediárias se tornam mais evidentes, permitindo que o time trabalhe nelas de forma coordenada, avançando gradualmente para atingir a métrica principal, que reflete o sucesso global do produto.

BossaBox — Como você enxerga a evolução do papel de Head de Produto em mercados que ainda estão em fase de transformação digital, como o da saúde?

Julio Quintella A evolução do papel de líder de produto em mercados em transformação digital, como o da saúde, exige um equilíbrio entre dados, boas hipóteses e a preparação do time para lidar com incertezas. Sem um manual definido, o papel da liderança é criar uma cultura de exploração contínua, promovendo experimentos e proximidade com clientes e o mercado. O foco não está em executar essas atividades diretamente, mas em garantir que o time tenha as ferramentas e o ambiente adequados para conduzir esses processos, ajustando o rumo conforme necessário.

O discovery é uma peça central. Estimular conversas frequentes com usuários e promover trocas com pessoas-chave do mercado ajuda o time a absorver informações críticas. Mesmo sem soluções claras, os problemas já estão bem definidos, e essas interações são fundamentais para que o time inove e se adapte rapidamente.

Além disso, é importante balancear o discovery com a elaboração de boas hipóteses. Mesmo com dados limitados, criar hipóteses sólidas evita que o processo fique engessado. Por exemplo, utilizamos uma matriz para definir o nível de certeza que temos sobre um tema, e a partir de um certo ponto, avançar com as interações se torna mais produtivo e eficiente em termos de recursos.

Uma boa priorização também é essencial para garantir que o time esteja focado nas iniciativas mais impactantes.

O time precisa ter autonomia para continuar buscando soluções em cenários de incerteza. Aprender com cada movimento, seja ele um sucesso ou um erro, é essencial para o crescimento da equipe.

Por fim, o uso eficaz de dados é vital para permitir ajustes rápidos e decisões mais estratégicas. Isso não só ajuda o time a ajustar sua abordagem, como também a maximizar os resultados.

Liderar em mercados de transformação digital exige equilibrar exploração, priorização e autonomia, criando um ambiente onde o aprendizado e a adaptação contínua sejam valores centrais.

 

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