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Imagine liderar um time de tecnologia onde, no meio de uma entrega crítica, parte da equipe sai para outra empresa. O projeto continua, mas sem algumas das peças-chave que garantiriam sua conclusão no prazo. Essa pode ser uma das consequências do crescimento acelerado do setor, e acredite, ele não está desacelerando.
Segundo a Brasscom, em 2025, serão criadas mais de 88 mil novas vagas em tecnologia. Ou seja, a disputa por profissionais qualificados vai se intensificar ainda mais, e empresas que não têm tecnologia como core business vão enfrentar dificuldades crescentes para contratar e, principalmente, reter talentos.
O efeito colateral desse crescimento é claro: turnover acelerado, dificuldade em preencher posições estratégicas e entregas que perdem ritmo porque a equipe que começou o projeto não é a mesma que o finaliza. Para quem está à frente de times de tech e produto, isso não é só um problema de RH, é um risco direto à capacidade de inovação e entregas.
Os números falam por si. De acordo com o Leading Tech Report:
Isso significa que existe uma disputa ainda mais intensa por profissionais. Se antes um candidato recebia duas ou três propostas, hoje ele tem cinco, seis ou mais. Isso afeta diretamente a estabilidade dos times e o ritmo de entrega. A cada saída, a empresa perde contexto, velocidade e qualidade.
Além disso, o tempo necessário para contratar um substituto muitas vezes não acompanha o ritmo das saídas.
Com profissionais de tecnologia mudando de emprego com frequência, times inteiros perdem conhecimento acumulado no meio de projetos estratégicos. Isso gera três problemas críticos:
A alta rotatividade não acontece por acaso. Ela não é apenas um efeito colateral do mercado aquecido, mas também um sinal de que a estratégia de contratação e estruturação de times pode estar desalinhada com as necessidades do negócio.
Se 86% dos líderes dizem que é difícil encontrar talentos qualificados, isso não é coincidência. Muitas empresas ainda cometem erros graves na forma como contratam e estruturam seus times.
Erro 1: Achar que contratação é apenas um problema de RH
Se líderes de tecnologia e produto não estiverem envolvidos ativamente no processo de contratação, a empresa já está atrasada. RH sozinho não consegue resolver esse problema. Encontrar talentos exige um alinhamento forte entre tech, produto e recrutamento para definir claramente o que é necessário e evitar contratações erradas.
Erro 2: Priorizar contratações rápidas em vez de contratações certas
Muitas empresas caem na armadilha do “precisamos contratar rápido” e acabam trazendo profissionais que não estão prontos para o desafio. O resultado é um onboarding longo e ineficiente, baixa produtividade inicial e um risco maior de turnover precoce.
Com a crescente dificuldade na contratação e retenção de talentos, empresas eficientes vão além de expandir equipes internas. Elas estruturam times estrategicamente, equilibrando conhecimento, velocidade e estabilidade.
A composição híbrida de equipes tem se destacado, combinando profissionais internos com especialistas externos que agregam expertise e garantem entregas consistentes. Esse modelo permite escalar conforme a demanda, sem comprometer a qualidade ou sobrecarregar a equipe interna.
Porém, nem toda terceirização funciona na prática. É preciso ter atenção, alguns modelos tradicionais, baseados apenas em horas trabalhadas, podem gerar desafios similares à alta rotatividade interna, como falta de integração e compromisso.
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O ponto aqui é encontrar um parceiro e modelo que priorizem continuidade, sinergia e envolvimento no desenvolvimento do produto. Mais do que escolher entre ampliar a equipe interna ou buscar reforços externos, o essencial é entender qual modelo faz sentido para o momento da empresa e as necessidades do produto.
O segredo não é apenas contratar rápido, mas saber quando e como expandir.
A expansão do mercado de tecnologia trouxe desafios que vão além da dificuldade de contratação. Manter equipes estáveis, garantir entregas consistentes e evitar gargalos operacionais exige mais do que simplesmente buscar talentos no mercado.
Empresas que crescem de forma sustentável não apostam apenas em contratar mais rápido ou reter a qualquer custo. Elas entendem que estruturar times é uma decisão estratégica e que diferentes momentos do negócio exigem diferentes abordagens.
O caminho não é único. Há contextos em que uma equipe interna robusta faz sentido, enquanto em outros, a composição híbrida, combinando talentos internos e especialistas externos, traz mais eficiência e flexibilidade.
Times de Tecnologia
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