Iniciar este artigo destacando a importância do alinhamento visão estratégica e arquitetura pode ser a abordagem mais conveniente, não é verdade? Ou então, examinar os impactos de não alcançar esse alinhamento. No entanto, permita-me retroceder um pouco e chamar a atenção para uma armadilha significativa ao tratar desse tema: a comunicação.
De fato, a comunicação desempenha um papel fundamental como ponto de partida para o estabelecimento desse alinhamento. As perguntas centrais são:
- Qual é o desenho ou fluxo de comunicação adequado para estabelecer essa sintonia?
- Será um esquema detalhado ou um plano geral (isso ajuda a definir qual é nível de detalhe que trabalhamos)?
- Os OKRs se transformarão em um documento textual e cada área se torna responsável pelas suas iniciativas?
- Será um documento elaborado colaborativamente entre as diversas áreas?
Esse primeiro passo desempenha um papel crucial ao definir as expectativas em relação à qualidade do alinhamento. Afinal, em teoria, todos têm acesso ao documento de alinhamento mais macro/global.
A partir desse ponto, com a efetiva gestão da comunicação, podemos abordar o segundo desafio: como a área de produtos (ou requisitos) irá externalizar os desejos funcionais e não funcionais dos stakeholders? Isso será subentendido ou explicitamente delineado em uma seção dedicada?
A partir dessa clareza, a equipe de arquitetura pode compreender o panorama e elaborar uma arquitetura que atenda às necessidades, sem ser excessivamente simplista ou superdimensionada.
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Com esses elementos devidamente alinhados, a equipe de arquitetura pode, com base na stack de tecnologia disponível, determinar a melhor tecnologia a ser empregada na solução do problema em questão. É imperativo compreender o papel da arquitetura neste ciclo. A arquitetura não é responsável pela implementação direta, mas sim por definir o que/como será utilizado.
Nesse sentido, a integração eficaz da arquitetura no processo de desenvolvimento aumenta significativamente a produtividade. Isso evita que problemas ou não conformidades com os requisitos sejam identificados tardiamente, durante os testes de qualidade (QA), quando poderiam ter sido abordados no início do ciclo de planejamento.
Após mais de uma década e meia de experiência no contexto ágil, percebo que ainda são cometidos erros básicos, como atropelar a sequência de ações. Lembro-me de uma frase que certa vez ouvi, que dizia algo como “o ágil permitiu que as empresas oficializassem a desorganização“. Apesar de ter testemunhado essa realidade, é lamentável, pois nada poderia estar mais distante do verdadeiro conceito ágil do que a desorganização.
Isso ressalta a importância de enfocar a comunicação e os processos como elementos cruciais para encurtar o caminho em direção ao sucesso. Caso contrário, estaríamos apenas improvisando. Portanto, é fundamental ter consciência e planejamento para integrar esses componentes no processo, garantindo uma abordagem mais eficiente e eficaz.
Em resumo, o alinhamento eficaz, ancorado na comunicação sólida e na compreensão precisa dos requisitos, é a bússola que guia as organizações em direção ao sucesso. Não há lugar para improvisos, apenas para estratégia e planejamento.