Introdução

O processo de desenvolvimento de um produto deve ser iniciado com um insight sobre as necessidades ou dores de um grupo de clientes. Para ajudar as Pessoas de Produto nessa jornada, o oitavo e último dia do Product Camp tratou o Discovery sob uma nova ótica, abordando como gerar insights relevantes sobre os seus clientes a partir de planejamento e pesquisas.

Vieses investigativos e como evitá-los em nossas pesquisas

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Os nossos cérebros tomam, em média, 35 mil decisões por dia. Entre olhar para o celular ou para a tela do seu computador, ouvir um áudio ou continuar ouvindo música, e olhar para um lado ao invés de outro, estamos sempre tomando decisões. Talvez você esteja pensando que elas são todas conscientes e que o número é surpreendente, mas não: a maioria delas é inconsciente, acontecendo de forma automática para preservar a nossa energia.

Em sua talk no Product Camp, Iris Sayuri, da Easynvest explora as formas em que o nosso cérebro pode sabotar as nossas pesquisas (ou respostas), e compartilha dicas de como evitar os vieses nesses momentos decisivos.

Algumas pesquisas são feitas pensando que tomamos decisões conscientes

Entretanto, a maioria das nossas decisões são automáticas, pautadas em nossas experiências, e tampouco podemos lembrar delas. Partindo daqui, como podemos realizar pesquisas que não nos induzam ao erro? A partir de uma pesquisa equivocada, podemos fazer análises erradas e prejudicar o nosso processo. Portanto, Iris traz formas de garantir que as nossas pesquisas sejam o mais neutras possível.

Falar com quem está mais fácil pode ser o primeiro erro

Afinal, uma amostra de pessoas que não é representativa ou diversa pode levar a resultados equivocados. É possível também direcionar pessoas inscientemente pela forma como montamos uma pergunta ou apresentamos um dado. É importante planejar caminhos que resultem em insights úteis.

Podemos buscar dados que confirmem as nossas suspeitas

Quando se trata de realizar pesquisas, é importante desenvolver hipóteses a partir dos dados (e não procurar dados que confirmem as nossas hipóteses). Talvez uma coincidência entre algumas pessoas não seja uma grande tendência. Uma forma de evitar isso é cruzando dados de fontes diferentes para fomentar insights, e levar em consideração as motivações por trás das respostas.

Para garantir que a entrevista se mantenha no caminho esperado, pense em perguntas-chave ou perguntas extras que retomem o objetivo da pesquisa. Também, cuidado com julgamentos de valor nas perguntas para evitar um viés!

Ninguém sabe exatamente o que já fez ou vai fazer

Se a maior parte das nossas decisões são automáticas, é esperado que a gente não tenha um controle claro sobre as nossas memórias. As pesquisas trazem insights, mas é difícil tentar entender 100% das decisões desse público. Iris ressalta que as pesquisas trazem apenas a percepção das pessoas sobre o assunto.

Planeje, planeje, planeje

A melhor forma de evitar erros é planejando anteriormente, estabelecendo um objetivo claro, escolhendo sua base de respostas antecipadamente e oferecendo estímulos para o público menos engajado (mas igualmente valioso). No fim, teste sua pesquisa em alguém isento para garantir.

Se você optar por tomar riscos, é melhor que eles sejam conscientes.

O que fazer quando a rotina nos desvia do objetivo do Produto

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Renato Cairo, da OLX Pay, aborda em sua talk a realidade de muitos Product Managers: de vez em quando o objetivo principal do produto pode se perder em meio à incontáveis reuniões, desenvolvimentos de features e tarefas. Pode ser difícil perder a visão do todo quando estamos discutindo pequenos detalhes do nosso produto.

Renato atribui à essa situação um conflito entre Delivery, que seria a entrega das features e do produto, e o Discovery, que seria o processo de compreender o consumidor e pensar em soluções para as suas dores.

Primeiro, é preciso reforçar o que é sucesso

Será que o sucesso do produto depende mesmo daquela feature que empacou todo o processo de desenvolvimento? Na verdade, o sucesso depende diretamente de entregar o mínimo produto viável da ideia que saiu do Discovery. Se a equipe perder o foco desse objetivo, muito tempo valioso pode ser perdido.

Por mais organizado que o processo seja, pode faltar energia para resolver o problema

Pensando em um sistema de trabalho construído de pequenas tasks, é muito provável que a próxima task esteja mais clara do que o objetivo final do produto. Afinal, qual é o mais tangível? Caso a equipe tenha chegado à esse nível, Renato recomenda reunir o time e alterar o foco do processo.

O Discovery nunca acaba

Não existe produto pronto, existe produto entregue. Se sempre existe espaço para melhoria, o ideal seria retomar o processo de Discovery de tempos em tempos. O produto só tem foco no consumidor se ele se adaptar às suas mudanças conforme elas acontecem.

Reestruturando a capacidade de analisar e aprender

Algo que pode se perder no processo é a capacidade de análise, que pode ter sido atribuída apenas ao processo de Discovery. Portanto, retomar o processo desde o início pode permitir que a equipe possa aprender mais sobre o público e olhar para os dados de uma nova forma.

Caso a equipe tenha entrado em modo automático, Renato garante que o diálogo e novas perspectivas podem resolver a situação – como resolveu a dele.

Os usuários são os experts: produza soluções melhores

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No início, ninguém conhecia direito o emblemático cartão roxo, mas todos queriam um. O processo de aquisição de usuários da Nubank começou da forma mais simples: um convidando o outro. Cada usuário recebia dez convites e poderia compartilhá-los como preferisse. Então, em sua talk, Kakau Fonseca retoma o processo de Discovery da Nubank atrelado com seu famoso processo de aquisição de clientes: por Member get Member, ou MGM.

Discovery: um método para compreender profundamente os seus usuários

Após a adoção de novas formas de convidar usuários para a Nubank, como por anúncios digitais, através de seu site ou aplicativo, a estratégia de MGM perdeu parte da sua força. 

Apesar do número de usuários ter aumentado, eles tinham aqui um problema: os convites MGM são muito mais simples e sinceros, pois os usuários convidavam uns aos outros por acreditar na plataforma. Era preciso priorizar essa estratégia.

Os dados mostram o que aconteceu, mas não o que deve ser feito

Tendo em mãos o problema e dados de pesquisas realizadas, o próximo passo deve ser interpretá-los e compreendê-los. A análise deve ser o momento de vasculhar os motivos, criar hipóteses e estressar soluções. O que deve ser feito está nos porquês.

Anteceder uma pesquisa quantitativa com uma pesquisa qualitativa (e não o contrário) pode te ajudar a destruir hipóteses rapidamente e te inspirar a novas perguntas quantitativas. 

Rascunhe soluções

Estamos trabalhando com pessoas diferentes, que têm ideias e jeitos diferentes de resolver problemas. Considere realizar dinâmicas divertidas entre as equipes para produzir um conteúdo diferente e explorar soluções que possam ser efetivas.

Para testar sua ideia, recorte-a ao máximo

O método não é chamado de MVP à toa. Aqui é interessante pensar em doses pequenas que vão validando as anteriores nos testes e te dão um senso de progresso.

Concluindo, um bom Discovery não se faz sozinho, se faz com um time unido e feliz. O mundo do produto agradece!