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Quais são os principais desafios enfrentados pelos Heads de Produto em um mercado em constante evolução? Essa questão é fundamental para líderes que buscam alinhar as metas de curto prazo com a necessidade de inovação e escalabilidade. No atual cenário, equilibrar demandas imediatas com a construção de soluções sustentáveis é uma tarefa essencial para o sucesso de qualquer estratégia de produto.
Para aprofundar esse tema, conversamos com Fernanda Kovacic, Head de Produtos e Design na Woba, a maior rede de escritórios flexíveis por assinatura da América Latina. A Woba conecta empresas a escritórios privativos, estações de trabalho, salas de reuniões e espaços para eventos, tudo através de uma plataforma que centraliza a gestão de real estate para times distribuídos e escritórios satélites. Fernanda compartilhou sua experiência em liderar uma equipe que equilibra a necessidade de otimizar a utilização desses ativos, com a redução de custos operacionais e o aumento da eficiência do trabalho.
BossaBox — Quais você acredita serem os três maiores desafios enfrentados pelos Heads de produto no mercado atual, e como você tem lidado com eles em sua própria experiência?
Fernanda Kovacic — Vou falar sobre os desafios que têm estado mais em pauta ultimamente pra mim de acordo com o momento em que estamos aqui na Woba. Acho que encontrar o equilíbrio entre resolver problemas imediatos e preparar o terreno para soluções inovadoras e de longo prazo – afinal temos metas muito desafiadoras de crescimento, mas sabemos que o que estamos construindo precisa ser escalável e consistente, para alcançar nosso propósito: Criar um Mundo Flexível
Focar nos problemas latentes é necessário para aliviar dores conhecidas dos nossos usuários, além de suportar a operação da empresa que se otimizada pode gerar muito mais resultado no curto prazo e continuar impulsionando nosso crescimento acelerado. Porém, se não estivermos executando o plano maior ao mesmo tempo, corremos o risco de deixar a inovação de lado, comprometer nossa capacidade de suportar o crescimento da base de clientes e principalmente de construir soluções consistentes e pensadas para serem genuinamente capazes de transformar o mercado.
Por isso, na nossa equipe cada vez mais, procuramos construir uma cultura de produto na qual PMs e Designers tenham clareza sobre os objetivos a longo prazo, e os problemas que os times de linha de frente enfrentam. Damos acesso às informações, dados e estratégias de negócios e sabemos a importância da troca constante com as áreas como Sales, CS e Supply. Tudo isso para que uma PM em nosso time consiga conectar as dores que ela está focando dentro da sua quadra às principais estratégias de crescimento do negócio.
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O segundo ponto desafiador é nos mantermos sempre focados, em produtos complexos como os nossos, o risco de perder o foco das necessidades reais do cliente enquanto se resolve problemas técnicos ou de crescimento é alto. Além de ser fácil nos distrairmos abraçando oportunidades demais – nosso contexto atual de startup e construção dos motores da escala representa um mar de problemas e oportunidades para serem pescadas. Mas, nem todos nos levarão aonde queremos chegar.
Para sabermos tomar as decisões certas dentro da nossa área, além do que falei sobre cultura de produtos e fácil acesso às principais estratégias, etc. Outro ponto crucial para sabermos escolher melhor é o forte direcional para métricas de usuários como metas do quarter, o que irá demandar que o velho arroz com feijão da conversa com clientes reais aconteça para fazer aquele “check de sanidade” sobre o que estamos pensando e priorizando.
Além da visão cross squads, nós temos momentos e tempo de qualidade para discussão conjunta entre PMs e designers do que cada um está enxergando num 360º, ousaria dizer que cada um no time sabe como seu produto e seus KPIs afeta e contribui para o produto e KPIs do outro produto e isso é crucial para mantermos o foco calibrado.
E por último, mas o mais importante é a gestão de pessoas, as pessoas são literalmente tudo, é através delas que nós gestores geramos impacto para o negócio. Liderar PMs e designers, profissionais de alta expertise, com um senso crítico muito apurado e que também são líderes dentro de suas squads e tribes é por si só desafiador. Esse tipo de equipe precisa ter autonomia para tomar decisões e pensarem por si sós, somente dessa forma poderão entregar o melhor resultado.
Não é trivial enquanto Head desafiar, apoiar, desenvolver e gerar discussões de alto nível com cada pessoa do meu time, e eu enquanto líder me cobro para ser cada vez melhor e conseguir contribuir com direcionais, ideias e provocações para ajudá-los a avançar em suas estratégias no dia a dia. Mas, ao mesmo tempo não quero me colocar no meio do caminho, tento sempre dar espaço para que eles brilhem e acho que o melhor meio para isso é a construção genuína da confiança minha para com eles, deles para comigo e entre todos nós que formamos o grupo de Produtos e Design da Woba.
BossaBox — Conversando com outras lideranças, percebemos que o time de produto está cada vez mais integrado à estratégia de negócios, se tornando um pilar essencial. Você notou essa tendência? Que conselhos você daria para equipes que estão nessa transição?
Fernanda Kovacic — Essa integração realmente faz parte de uma evolução natural das empresas que entendem o papel estratégico do produto. Venho justamente de um encontro presencial de 3 dias completos com a alta liderança da Woba para co-construirmos o planejamento estratégico para o próximo quarter.
Não acho que seja um uma tendência recente, já vejo isso acontecer há alguns anos, muito porque sempre trabalhei em empresas que se não nasceram como empresas de tecnologia, transformaram-se em organizações que compreenderam que a área de tecnologia não é uma área de suporte. Elas sabem que o sucesso do negócio depende diretamente do impacto que o produto gera, tanto na aquisição quanto na retenção de clientes. E para isso, a área de Produtos e Tecnologia fazem parte do planejamento estratégico e participam do resultado, dividimos OKRs com as áreas de Sales, Marketing e CS, por exemplo, amarramos as estratégias e trabalhamos em conjunto para potencializar o impacto nas métricas.
E para que isso seja uma verdade, a lição de casa tem que ser feita, alinhar profundamente a visão do produto com a estratégia de negócios. Não se trata apenas de desenvolver funcionalidades, mas de garantir que o produto atenda às metas estratégicas da empresa.
Fomentar a colaboração entre produto, marketing, supply, CS e vendas, a integração entre essas áreas permite que o produto seja a conexão direta entre a proposta de valor da empresa e as necessidades do cliente. E priorizar dados e feedback de clientes, o time de produto deve ser o guardião das necessidades e expectativas do cliente, deve ser a voz do usuário, traduzindo essas informações em estratégias concretas de produto.
BossaBox — Qual o seu método para identificar e desenvolver as principais habilidades dentro da sua equipe de produto para que estejam sempre prontos para os desafios do mercado?
Fernanda Kovacic — Eu utilizo uma combinação de análise contínua de desempenho e planejamento estratégico de desenvolvimento para identificar e desenvolver as principais habilidades da equipe de produto, sempre com foco em prepará-los para os desafios do mercado.Olhando para:
BossaBox — Como a colaboração entre diferentes departamentos impacta o sucesso das entregas do time de produto? Quais práticas você considera mais eficazes para promover essa colaboração de forma eficiente?
Fernanda Kovacic — Muitos PMs acreditam que precisam ser os únicos a impulsionar ideias e criatividade no produto, ou os únicos a liderar os momentos em que essas dinâmicas de ideação de produtos acontecem. Mas, as melhores soluções surgem da colaboração. Recentemente, rodamos um hackathon com todo o time de Produtos, Design, Engenharia e Dados, levamos convidados das áreas de negócios para atuarem como stakeholders com o papel de contextualizar as equipes durante os 3 dias de dinâmica. O resultado foi surpreendente, mostrou na prática o impacto dessa colaboração, quando as pessoas envolvidas na construção do produto são empoderadas e conectadas aos problemas reais do negócio e dos usuários, a eficiência e a inovação fluem naturalmente.
E quando se cria um ambiente propício para compartilharem suas ideias, estabelecendo momentos para discutir novas iniciativas de forma orgânica, onde todos estão conectados pelo mesmo objetivo, a mágica acontece.
Tirar a pressão é essencial, nada bloqueia mais a criatividade que a pressão para criar a próxima grande funcionalidade do produto. É claro que o dia a dia das squads não são uma Hackaton, mas é importante abrir espaço dentro da rotina das squads para que a colaboração e co-criação entre o time e pessoas chave de outras áreas possam emergir.
A construção do produto certo não é sobre um momento aleatório de “eureka”, não acredito em balas de prata. É muito mais um processo menos glamouroso e mais pragmático de ter clareza para onde se está indo, ter as pessoas certas, ser intencional e manter a consistência.
BossaBox — Quais são suas fontes de aprendizado contínuo, como livros, blogs ou podcasts, que você recomendaria para outros heads de produto que querem aprimorar suas habilidades?
Fernanda Kovacic — Costumo buscar informações sobre a área e o mercado em lugares como:
“Inspired” – Marty Cagan: Um guia essencial para Product Managers que buscam entender o que é necessário para construir produtos de sucesso e como liderar times de produto com eficácia.
“Team Topologies” – Matthew Skelton & Manuel Pais: Explora como organizar times de tecnologia de forma eficiente, focando em colaboração e entrega de valor de maneira otimizada.
“Lenny’s Podcast” – Lenny Rachitsky: Entrevistas com líderes de produto, discutindo desde estratégias de crescimento até tendências atuais no mercado de tecnologia.
Product Oversee: Blog brasileiro que aborda temas relacionados à gestão de produto, estratégias de inovação e melhores práticas para o mercado local.
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