6 perguntas para Renata Bertolini, GPM no PicPay
Por Redação BossaBox - Beatriz Chueri

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Medir entrega é fácil. Difícil mesmo é provar impacto. E essa é uma das tensões mais vividas por lideranças de Produto e Tecnologia em empresas em crescimento. Mesmo com dores claras e alinhamento com o negócio, muitas iniciativas travam no excesso de frentes simultâneas, na dificuldade de priorizar o que realmente importa ou na falta de clareza sobre o que será considerado sucesso.

Renata Bertolini, Group Product Manager no PicPay, compartilhou como enxerga essas armadilhas e o que tem funcionado para conectar estratégia, execução e métricas de impacto. Da priorização em ambientes cross à definição de critérios claros de sucesso, ela reforça a importância de foco e cocriação como práticas-chave no dia a dia de produto.

Nesta conversa, falamos sobre os obstáculos mais comuns à execução, o uso prático de OKRs, as métricas que muitas vezes passam batido e o papel da liderança na gestão de portfólio de produto. Spoiler: medir impacto é mais uma questão de contexto e foco do que de fórmulas prontas.

BossaBox — Na sua experiência, o que costuma travar o avanço de iniciativas que já têm o problema claro e alinhamento com o negócio bem definido: o excesso de prioridades simultâneas ou a limitação do time para executar com a velocidade necessária?

Renata Depende bastante do contexto, mas nas experiências mais recentes que tenho vivido com os times, o principal fator que limita o avanço das iniciativas é o excesso de prioridades simultâneas. Atuamos de forma cross na companhia, o que exige um esforço constante de balanceamento para atender diferentes áreas e, ao mesmo tempo, manter a cadência das entregas com a velocidade esperada pelos clientes. Por isso, costumo revisar frequentemente as prioridades estratégicas com o time, buscando limitar o trabalho em progresso e focar no que realmente gera impacto. Ainda assim, manter esse equilíbrio é sempre um grande desafio.

BossaBox — Durante sua trajetória, qual foi o ponto de virada entre medir apenas entregas e conseguir medir impacto real? Teve alguma abordagem, prática, framework ou insight que fez essa chave virar?

Renata Gosto muito de trabalhar com OKRs, pois eles ajudam a alinhar prioridades estratégicas com resultados mensuráveis e orientados a impacto. No entanto, reconheço que, dependendo da maturidade ou natureza do produto, é comum iniciarmos com a medição de entregas para, gradualmente, evoluir para métricas que refletem o real valor gerado pelo produto.

BossaBox — Quais métricas de Produto ou Tech você acredita que muitas vezes passam batido, mas deveriam ter mais peso nas conversas sobre impacto de negócio?

Renata A disponibilidade dos produtos é, sem dúvida, uma métrica frequentemente negligenciada, mas que tratamos de forma estratégica nas plataformas em que atuo. Além dela, acompanhamos indicadores essenciais como o ANR (Application Not Responding), que mede o tempo em que o aplicativo deixa de responder para o usuário, e o tempo de resposta dos serviços. Esses dados são fundamentais para avaliar a qualidade de produtos digitais, especialmente no ambiente mobile.

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BossaBox —  O que você costuma fazer para garantir que todos os envolvidos tenham clareza sobre o impacto esperado de uma entrega e sobre o que será considerado sucesso em uma iniciativa?

Renata Procuro sempre contextualizar bem o motivo da demanda, apresentando o problema ou dor de negócio, a expectativa envolvida e o impacto potencial da iniciativa. Esse alinhamento inicial é essencial para que todos os envolvidos compreendam o ‘porquê’ por trás da entrega. Também utilizamos KPIs para mensurar o desempenho e definir claramente os critérios de sucesso. Além disso, valorizo muito a cocriação com os times, pois acredito que esse processo fortalece o senso de propósito, promove autonomia e gera soluções mais aderentes ao desafio de negócio.

BossaBox —  Na sua visão, o que muda na forma de medir impacto entre empresas mais novas, com cultura digital mais forte, e estruturas mais tradicionais? E o que você enxerga como o maior desafio em cada uma dessas realidades?

Renata Tive a oportunidade de atuar tanto em empresas com estrutura digital quanto em organizações mais tradicionais. Na minha experiência, a forma de medir impacto não muda significativamente entre elas, afinal, em ambos os contextos o foco está em aumentar a receita e reduzir custos. A principal diferença está na velocidade com que as decisões são tomadas. Em empresas tradicionais, as iniciativas costumam passar por vários comitês antes de serem testadas com o cliente final, o que naturalmente reduz o time to market quando comparado às empresas digitais, que tendem a ser mais ágeis e orientadas à experimentação.

BossaBox — Se você pudesse montar um checklist básico para garantir que a gestão de portfólio de produto esteja realmente orientada a gerar impacto no negócio, o que não poderia faltar?

Renata Na minha visão, não existe um checklist único que funcione para todas as empresas, já que cada contexto exige abordagens específicas. Ainda assim, um bom ponto de partida é estruturar a gestão de portfólio com base em diferentes horizontes, equilibrando iniciativas voltadas para o fortalecimento do core do negócio com projetos focados na geração de novas receitas e inovação. Esse equilíbrio é fundamental para sustentar os resultados atuais enquanto se constrói valor de longo prazo. Além disso, é crucial que a liderança executiva, especialmente CEOs, esteja próxima da estratégia de portfólio, garantindo alinhamento com os objetivos estratégicos da organização.

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