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Quando o assunto é budget para inovação, sabemos que não basta apenas garantir o investimento, a forma como ele é distribuído pode determinar o sucesso ou o fracasso das iniciativas.

E quando o cenário é uma empresa que não nasceu digital, esse desafio se torna ainda mais crítico. O orçamento para inovação precisa coexistir com investimentos tradicionais, e a disputa por recursos geralmente favorece áreas com retorno mais previsível. Se todo o investimento for para otimizações incrementais, a empresa pode se tornar mais eficiente no presente, mas estagnar no futuro. Se for direcionado demais para apostas disruptivas, o risco de desperdício sem retorno claro aumenta.

Para evitar esses extremos, muitas lideranças de produto e tecnologia adotam a lógica 70/20/10. Essa abordagem não determina quanto investir, mas ajuda a responder uma pergunta essencial: como distribuir o orçamento de maneira equilibrada entre curto, médio e longo prazo?

A lógica 70/20/10 e por que ela faz sentido para inovação?

O modelo 70/20/10 foi originalmente desenvolvido para o planejamento social e desenvolvimento de talentos. No entanto, foi Eric Schmidt, ex-CEO do Google, quem popularizou essa lógica dentro do contexto de inovação. Ao introduzir esse framework na empresa, Schmidt ajudou a consolidar uma abordagem estruturada para a distribuição de investimentos em inovação.

Desde então, empresas como 3M e Unilever passaram a utilizar essa lógica para garantir que o budget de inovação fosse distribuído de maneira equilibrada entre o que já funciona, o que pode ser expandido e o que precisa ser explorado.

A premissa central é simples:

  • 70% do budget → Inovação incremental (melhoria contínua de produtos e processos existentes)
  • 20% do budget → Inovação adjacente (novos produtos e mercados relacionados ao core business)
  • 10% do budget → Inovação disruptiva (novas tecnologias ou modelos de negócio de alto risco e alto potencial)

A abordagem 70/20/10 não é um modelo fixo, e muitas empresas encontram desafios ao tentar implementá-la sem ajustes. Nem toda organização tem o perfil ou o interesse de adotar a mesma dinâmica do Google. O essencial não é replicar os percentuais exatos, mas encontrar um equilíbrio estratégico entre inovação incremental, adjacente e disruptiva, adaptando a distribuição dos recursos de acordo com os objetivos e o contexto específico do negócio.

Criamos uma ferramenta simples para ajudar a ter uma noção clara de como distribuir o budget de inovação. Ela não substitui uma análise detalhada, mas permite comparar outras sugestões de modelos de alocação e visualizar como cada estratégia impacta cada ponto. Basta inserir o orçamento total e escolher um modelo para ver os percentuais aplicados automaticamente. Acesse a ferramenta preenchendo os campos abaixo:

Como aplicar a lógica 70/20/10 ao seu budget de inovação?

 1. Defina a estratégia de inovação antes de distribuir o orçamento

Antes de alocar recursos, é essencial entender o papel da inovação dentro da estratégia da empresa. Algumas perguntas que ajudam nesse processo:

– A empresa quer fortalecer o core business ou explorar novas frentes de receita?
– O objetivo principal é eficiência operacional, crescimento de mercado ou diferenciação?
– Há iniciativas estratégicas já em andamento que precisam de funding adicional?

2. Alocar os 70% em Inovação Incremental (baixo risco, alto impacto no curto prazo)

Essa é a parte do budget que gera retorno mais previsível e mantém a inovação conectada ao crescimento imediato do negócio.

Exemplos de onde investir:
– Automação de processos para reduzir custos e aumentar eficiência.
– Melhorias em produtos e serviços existentes para aumentar retenção de clientes.
– Uso de tecnologia para otimizar operações internas.

Dica: Esse orçamento deve estar vinculado a KPIs claros, como redução de custos operacionais ou aumento na conversão de clientes.

3. Direcionar 20% para Inovação Adjacente (expansão controlada do core business)

Essa fatia do orçamento é voltada para explorar novos produtos, serviços ou mercados relacionados ao core da empresa.

Exemplos de onde investir:
– Criação de novas features que ampliam a proposta de valor do produto atual.
– Entrada em novos segmentos de clientes sem sair do core business.
– Uso de novas tecnologias para expandir ofertas existentes.

4. Destinar 10% para Inovação Disruptiva (apostas estratégicas de alto potencial)

Aqui estão os investimentos que podem se tornar a próxima grande oportunidade da empresa. O risco é maior, mas o impacto pode ser transformacional.

Exemplos de onde investir:
– Exploração de novas tecnologias 
– Modelos de negócios completamente novos.
– Produtos que podem canibalizar os atuais, mas criam vantagem competitiva no longo prazo.

Dica: Como o risco aqui é maior, esses projetos devem ser financiados em fases, com budget liberado conforme evidências de tração aparecem.

E se o budget estiver mal distribuído?

Se a empresa já tem um orçamento de inovação, mas está alocando tudo em inovação incremental, há um problema sério de falta de visão de longo prazo.

Sinais de que o budget está mal dimensionado:
– A maior parte do investimento está em melhorias operacionais, sem novas fontes de receita.
– Não há espaço para testar novas ideias ou explorar mercados adjacentes.
– Projetos disruptivos são discutidos, mas nunca recebem funding real.

Como corrigir?

  • Redistribuir o orçamento para garantir equilíbrio entre curto e longo prazo.
  • Criar um fundo de inovação para explorar novas ideias sem comprometer a operação.
  • Garantir que parte do budget seja usada para testar hipóteses antes de escalar projetos.

A lógica 70/20/10 não define quanto a empresa deve investir em inovação, mas resolve como distribuir esse investimento de forma inteligente.

Empresas que seguem essa abordagem garantem previsibilidade financeira, equilibram riscos em diferentes níveis de impacto e impulsionam novos crescimentos sem afetar a operação atual.

Se a sua empresa já tem um budget para inovação, mas ainda não o dimensiona de forma estratégica, aplicar essa lógica pode ser o passo que falta para transformar investimento em resultados reais. Mas se o maior desafio está em garantir que as ideias saiam do papel com velocidade e qualidade, vale avaliar se os times e processos estão estruturados para entregar com eficiência.

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