Gestão de Produto

Dimensionamento de times de tecnologia

By blogadmin

October 16, 2023

O dimensionamento de equipes de tecnologia e produto é uma consideração crítica para qualquer organização que busca eficiência, inovação e sucesso no cenário atual.

Acesse também: Estruturas Organizacionais para Times de Tecnologia

Neste artigo, vamos falar da influência da antropologia e de teorias como a Lei de Dunbar e a Lei de Price na definição do tamanho ideal de equipes. Entender como esses conceitos se relacionam com a estruturação de equipes de tecnologia e produto pode fornecer princípios valiosos para líderes e gestores, ajudando a tomar decisões fundamentadas e adaptadas às necessidades específicas de suas organizações.

Antropologia e o Tamanho da Equipe

A Lei de Dunbar, proposta pelo antropólogo Robin Dunbar, sugere que os seres humanos têm uma capacidade cognitiva limitada para manter relacionamentos sociais significativos. Esse número, muitas vezes referido como “o número de Dunbar”, é estimado em cerca de 150. Na prática, isso significa que quando uma organização cresce além desse número, a comunicação e a colaboração podem se tornar mais truncadas.

“Relacionamentos sociais significativos” pode ser pensados como “pessoas que você não teria vergonha de se juntar para um drink em um par sem ela te convidar”, segundo o próprio antropólogo.

Além disso, Dunbar também sugere escalas menores para níveis de relação mais profundas. Essas escalas são chamadas de Camadas de Dunbar e fazem parte de um estudo mais recente feito com mais de 6 bilhões de chamadas de telefone feitas no Reino Unido em 2007 (antes da popularidade de redes sociais).

Por que isso importa?

Como seres humanos, temos um limite cognitivo de informações que conseguimos armazenar em um dado momento e a forma como as organizações são estruturadas deve contemplar esse limite para que funcionem bem.

Fazendo um de/para com a nomenclatura atual da maioria das organizações de Produto e Tecnologia com a Lei de Dunbar, é possível chegar nessa rule of thumb:

Esse número é exato? Não. Mas é um princípio que podemos nos ater pelo menos para termos ranges para cada camada do time. Claro que essa realidade pode ser diferente de empresa para empresa.

Capacidade de Entrega e Performance

A Lei de Price, formulada por Derek Price, destaca a relação entre o número de pessoas em uma equipe e sua produtividade. A teoria sugere que, na maioria das equipes, 50% do resultado é gerado pela raiz quadrada do total de membros. Ou seja, se um time possui 25 pessoas, é provável que algo em torno de 5 pessoas gerem 50% dos resultados.

Esse padrão pode ser visto em um série de indústrias: Youtubers, Cientistas, Vendedores e até Programadores.

Claro que almejar que todo seu time seja top-performer é ilusório e impossível. Mas é importante tomarmos consciência desse princípio no momento de dimensionar o time.

Alta performance sempre é algo relativo ao resto do grupo. O que eu quero dizer é que você precisa ter claro qual o nível de performance esperado em cada um dos níveis de performance (alto, médio e baixo) e comparar os resultados com alguma expectativa de sucesso.

Esse cálculo é mais fácil de ser feito com base em entregas. Comparando uma expectativa de entrega com o nível de performance em cada um dos grupos, fica mais simples de dimensionar o tamanho e nível de entrega de cada um dos grupos.

A pergunta a ser respondida aqui é: com esse time, que demonstra ter essa performance, vamos conseguir chegar onde precisamos? Com base na resposta dessa pergunta, você consegue criar planos de ação mais condizentes com a realidade.

Aqui na BossaBox, medimos performance usando DORA Metrics, um estudo financiado pelo Google que buscou entender o que de fato é performance em times de tecnologia.

Carga Cognitiva

Quando vamos dimensionar times de tecnologia, é importante pensar sobre Carga Cognitiva. A teoria, criada por John Sweller em 88, usa como base a forma como seres humanos processam informação.

Segundo o modelo, temos 3 tipos de memória:

Carga Cognitiva, segundo o psicólogo John Sweller, pode ser definida como a quantidade total de esforço sendo usado na memória de trabalho. Ele prega que os seres humanos possuem um limite de armazenamento na memória de trabalho e que, quando ultrapassado esse limite, atividades que envolvem processamento de informação (como aprender e trabalhar) se tornam cada vez mais ineficientes.

Assim como todos nós, times de produto também possuem capacidade limitada de administrar e processar grandes quantidade de informações simultâneas.

Conforme a quantidade de responsabilidades aumenta, a quantidade de informações sendo processadas ultrapassa o limite de carga cognitiva do time, impactando em motivação e performance.

Quando o time começa a reportar sobrecarga e insatisfação, é importante analisarmos de perto se a carga cognitiva do time não foi ultrapassada. Se sim, talvez seja o momento de um redimensionamento para que se tenham responsabilidades mais limitadas e mais claras.

No livro Team Topologies, os autores dão boas dicas do que fazer para reduzir o impacto de times de produto com alta carga cognitiva:

  1. Identifique quais são todos os domínios (ou áreas de foco) de um sistema. Aqui é importante levar em consideração o sistema desejável para que, lá na frente, a Lei de Conway não te leve a caminhos errados.
  2. Você pode classificar os domínios entre simples (maioria dos problemas possuem uma solução clara), complicados (solução é menos clara e requer mais experimentação) e complexos (o problema precisa ser melhor estudado).
  3. Atribua cada time a um domínio específico, levando em consideração que, se um domínio for complexo/complicado demais, o ideal é quebrar o domínio em subdomínios antes de quebrar o time para cuidar do mesmo (vide Lei de Conway).

Com isso, você pode fazer com que:

Dimensionamento de time é uma pauta que está se tornando cada vez mais importante para líderes de tecnologia e produto. Cada empresa tem seu contexto específico, mas espero que os conceitos trazidos neste artigo tenham servidos como princípios importantes na tomada de decisão.