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Como equipes multidisciplinares, cultura de decisão baseada em dados e estratégias de otimização de processos podem impulsionar o sucesso de sua empresa?

Convidamos Fernanda Diniz, Gerente de Produto na Allcare Gestora de Saúde, para compartilhar insights valiosos sobre esses temas e trazer uma visão prática para impulsionar o sucesso das iniciativas e times de produto.

BossaBox — O que você destacaria como o principal desafio na gestão de equipes de produto na indústria de Healthtech?

Fernanda Diniz — Lidar com regulamentações rigorosas enquanto se mantém ágil o suficiente para acompanhar as demandas do mercado é um dos principais desafios.

O segmento da saúde possui diversas particularidades, players, perfis de usuário e estamos falando de cuidados para a saúde como serviço final de qualquer produto fornecido, então é de se esperar que haja muitas leis e normas que direcionam as atividades nesse setor.

Outro ponto que destaco como desafio é garantir a eficiência e colaboração entre equipes multidisciplinares, como desenvolvedores, designers e especialistas em saúde.

Essas pessoas costumam ter diferentes perspectivas técnicas e objetivos de negócio diferentes, o que torna essa gestão uma tarefa complexa, já que precisamos guiar o desenho das soluções buscando resolver os problemas dessas áreas somado a melhor performance tecnológica disponível para cada contexto e momento de maturidade do produto.

BossaBox — Quais são os elementos-chave que você considera ao criar e comunicar um roadmap de produto eficaz para stakeholders internos e externos?

Fernanda Diniz — Na minha opinião o sucesso na comunicação de um roadmap depende de dois elementos principais: ter um bom roadmap e encontrar o canal efetivo de comunicação com os seus stakeholders.

Sobre o roadmap, em termos práticos, é importante que ele esteja bem estruturado e alinhado com as metas da empresa e que tenha um processo de priorização claro das iniciativas.

Sobre os canais de comunicação, adianto que não existe uma receita de bolo, tudo depende do perfil dos seus stakeholders e dos canais disponíveis.

Comece mapeando os canais disponíveis e o perfil dos seus stakeholders e explore formas de comunicação que podem ir de um e-mail convencional até um newsletter, de uma planilha até uma apresentação interativa.

Comece a testar, colha feedbacks e acompanhe os resultados da interação com essas comunicações para escolher qual o melhor método para a realidade da sua empresa. 

É bem provável que você descubra que cada tipo de stakeholder pode interagir melhor com um tipo de comunicação, mas caso isso aconteça, fique atento com o tempo investido na manutenção dessas comunicações para não criar um fluxo insustentável no seu dia a dia.

BossaBox — Quais são os sinais de alerta que você monitora para identificar possíveis obstáculos ou falhas no processo de discovery?

Fernanda Diniz — Independente do contexto do produto, existem alguns pontos que eu considero coringas em dar sinais que auxiliam a identificar a qualidade e efetividade nos ciclos de Discovery, são eles:

Grande delay entre o processo de definição das necessidades e o início do processo de validação e testes: Por mais que a gente faça mapeamentos de jornada, dinâmicas de Design Thinking, conversas com stakeholders e todas as outras ferramentas possíveis o resultado real só vem quando colocamos a funcionalidade na mão do usuário.

Se o intervalo entre a concepção da funcionalidade e a primeira validação está longo é um sinal de alerta de que você pode estar sendo preciosista demais e pensando de forma isolada na solução, perdendo a oportunidade de ouvir o seu usuário.

Funcionalidades que geram ciclos de desenvolvimento longo: Assim como o item anterior, o tempo de duração de um ciclo de desenvolvimento também é um bom sinal para acompanhar a eficiência

Uma vez que nosso objetivo é ter lançamentos pequenos e frequentes para aumentar a percepção de valor no produto e ter feedback de uso real, esperamos que as funcionalidades que saem de um bom processo de Discovery resolvam o problema de forma pragmática.

Se os ciclos de desenvolvimento são extensos o processo de Discovery pode não estar sendo eficiente em identificar e resolver os problemas do usuário, gerando comportamentos complexos ou procurando resolver problemas secundários que ainda não possuem um alto grau de confiabilidade para serem implementados.

Necessidade de ajustes em funcionalidades que estão em desenvolvimento: Se você está tendo um volume significativo de alterações em funcionalidades que estão na fila ou em desenvolvimento, costuma ser um sinal de que o Discovery não está sendo eficiente no processo de identificação do real problema a ser resolvido e que as validações e testes dentro do ciclo estão deixando pontas soltas.

Métricas do produto: Se as funcionalidades que você está entregando não se relacionam com as métricas estratégicas da empresa, ou não movimentam os resultados das métricas de performance do produto, pode ser um sinal de que o time está trabalhando em hipóteses fora do foco estratégico.

BossaBox — É comum que a descoberta de uma nova funcionalidade leve no mínimo duas semanas. No entanto, o mercado exige cada vez mais velocidade e agilidade. Que estratégias você sugere para otimizar esse processo e garantir que as funcionalidades sejam entregues dentro do prazo esperado, sem comprometer a qualidade?

Fernanda Diniz — Adotar métodos ágeis, parece óbvio mas não é!

É comum utilizarmos frameworks de agilidade na esteira de desenvolvimento onde o time de produto e design acaba participando dos ritos como ponto de apoio de negócio.

Nesse modelo o objetivo é apresentar e refinar a demanda para desenvolvimento e nesse cenário os discoverys vão acontecendo de forma mais livre com ritos marcados sob demanda.

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É importante dizer que isso não é errado, inclusive já tive experiência com esse modelo de trabalho, mas a performance do time ainda não alcançava o potencial máximo.

Para resolver essa questão passamos a experimentar alguns eventos dedicados ao time que participa ativamente do Discovery, como: 

Plannings: Foco em planejar a demanda de Discovery e antecipar a identificação de possíveis impedimentos e das dependências entre o time.

Sprints: Trabalhar com ciclo de tempo definido e com metas claras a serem entregues no final de cada sprint.

Weeklys: Destravar impedimentos gerados de forma rápida.

Esses eventos ajudam o time a ter mais clareza sobre os objetivos de cada ciclo e a serem mais dinâmicos, não investindo mais tempo do que o necessário na definição de algum comportamento ou travados por alguma dúvida ou entendimento equivocado das necessidades de negócio.

Outro ponto fundamental é testar o mais rápido possível! Isso te faz economizar tempo no processo de ideação da funcionalidade, porque você vai identificar rapidamente os pontos de confusão e validar se está resolvendo o problema que o cliente precisa.

BossaBox — Quais são as ferramentas e metodologias que você implementaria para facilitar a colaboração e eficaz entre equipes?

Fernanda Diniz — Eu diria que mais importante que ferramentas e métodos é garantir que existam canais claros de comunicação tanto para os stakeholders acessarem o time de produto, quanto para o dia a dia da equipe. Além disso, é fundamental entender qual o modelo de organização das demandas de trabalho funciona para o seu time.

Para comunicação, podemos usar ferramentas como Slack e Teams. No geral, eu sugiro estabelecer alguns canais de comunicação para enviar atualizações recorrentes sobre o que está sendo trabalhado nos ciclos de Discovery e atualizações sobre os lançamentos.

Também é fundamental comunicar o roadmap de forma recorrente, dessa forma você deixa todos atualizados sobre o que está sendo feito e aumenta a previsibilidade para as áreas de negócio que vão atuar como apoio nos discoverys dando tempo hábil para organizarem as demandas internas e garantir a participação esperada.

Outro ponto importante é organizar o recebimento de sugestões de melhorias ou de hipóteses a serem validadas. É sempre positivo criar um fluxo para centralizar todas essas sugestões, tanto para dar visibilidade para os stakeholders criando um canal em que eles sejam ouvidos, quanto para ajudar a gerenciar e priorizar esses pedidos.

Já para gestão do trabalho do time, podemos utilizar ferramentas de gerenciamento como Jira, Azure e Trello. O mais importante é combinar o jogo sobre como essa organização será feita, por exemplo, definir qual o modelo de história de usuário que o time prefere utilizar, quais são as definições de uma funcionalidade “pronta para desenvolvimento” e “pronta para lançamento”, qual será a maneira de estimar as demandas e por aí vai.

Minha recomendação é que essas definições sejam de fato feitas em conjunto, porque são pequenos detalhes que vão ajudar a acelerar o entrosamento entre o time e com o produto.

BossaBox — Quais foram as mudanças mais relevantes que você percebeu nos processos de gestão e desenvolvimento de produtos durante os últimos anos?

Fernanda Diniz — O mercado está cada vez mais adotando abordagens interativas e centradas no cliente, priorizando a entrega de valor contínuo e a aprendizagem rápida. Além disso, a integração de tecnologias emergentes, como inteligência artificial, está transformando a maneira como produtos são desenvolvidos e entregues, criando oportunidades e desafios para as equipes de produto.

Outra mudança que considero relevante é o amadurecimento da cultura de tomada de decisão baseada em dados, em gestão de produtos eu diria que se tornou uma exigência para construção de produtos de alta performance.

E por fim, também estamos observando um momento de mudança na cultura organizacional, as empresas estão cada vez mais abertas e interessadas em transformar sua cultura organizacional para serem mais ágeis, centradas no cliente e orientadas por dados.

 

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