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Segundo Fábio Daneluzzi, Ex-Diretor de Produto do PicPay, “Times de Produto investiam muito tempo fazendo discovery e pesquisa. Agora estamos em um momento muito mais pragmático em que Produto é muito mais cobrado por entrega de coisas que rentabilizam o negócio rápido. É o momento de aumentar o throughput e trazer resultado rápido”.

A maior parte das áreas de Produto das organizações tinham ciclos de construção de produto excessivamente longos. Em um cenário de recurso quase que infinito, existia espaço para alongar a descoberta e entrega de produto, em prol da “Discovery perfeita”.

Contudo, com a restrição de budget e pressão por resultados rápidos, os processos que eram dados como regra passaram a ser contestados, principalmente por áreas de Negócio e a alta liderança.

O novo ciclo de entregas

Em um artigo escrito por Paulo Caroli, ele descreve o ciclo moderno de construção de produto que envolve três trilhas que correm uma paralela à outra. A primeira trilha é a de Estratégia em que a liderança da empresa define a direção e os objetivos. Em seguida, o time passa a explorar a trilha de Discovery onde o problema é explorado e soluções concebidas e testadas. Por fim, entram os desenvolvedores na trilha de Delivery programando e implementando o produto. Essas trilhas se retroalimentam, uma podendo influenciar a outra a todo momento.

Fonte: Paulo Caroli

Explorando a trilha de Discovery, era comum que uma feature levasse no mínimo duas semanas para ser descoberta. Isso porque existia um playbook padrão a ser seguido. Fazia-se uma CSD, qualitativa, brainstorming, protótipo, teste,… Até que a feature estivesse validada e pronta para ser desenvolvida.

Voltando para o final de 2023, esse processo já não faz sentido. 2 semanas é tempo demais. Portanto, líderes de Produto estão fazendo duas coisas para acelerar esse processo e alcançar o resultado esperado:

  1. Redução/fracionamento de escopo.
  2. Redução de métodos aplicados na discovery.

Porém, isso não representa um risco? Uma vez que Discovery existe para mitigar risco, se a quantidade de métodos forem reduzidas, como será garantido que a coisa certa está sendo feita?

Segundo os líderes entrevistados, essa afirmação é uma falácia. A verdade é que muitos métodos estavam sendo aplicados em contextos errados, por um preciosismo mal colocado. Era comum que toda iniciativa priorizada tivesse o mesmo processo para ser concebida.

Segundo Paulo Floriano, Ex-Diretor de Produto do iFood e fundador do Produtos para Humanos, “Discovery não é etapa, é ferramenta. Nem sempre é necessário”. Ou seja, nem tudo precisa de uma Discovery.

“Ao longo deste ano tivemos que fugir do preciosismo e desmistificar a área de Produto. Discovery ganhou ranço das áreas de Negócio. Sempre trazíamos mais escopo do que realmente precisava.

Para resolver isso, trouxemos formas mais simples de validação e o que não precisa de validação já testar em produção”, diz Camila Leal, Product Lead da Malga.

Os processos aplicados em Produto devem ser ajustados com base no grau de incerteza da iniciativa, e isso não acontecia na maioria dos casos. Voltando ao exemplo do ROI+ do Igor Torres, a expectativa de ROI pode e deve influenciar na escolha dos métodos de Discovery.

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