6 minutos de leitura
Como integrar times sem criar processos engessados? Essa é uma pergunta que tira o sono de muitas lideranças de tecnologia e produto. Para Tiago Souza, Gerente de TI na BOLD SNACKS, a resposta passa por repensar práticas tradicionais, alinhar prioridades e entender que colaboração não é apenas uma questão de ferramentas ou metodologias, mas de cultura e comunicação real entre as pessoas.
Nesta entrevista, Tiago compartilha como enfrenta os desafios mais complexos do dia a dia, como liderar equipes diversas, alinhar tecnologia aos objetivos do negócio e garantir que decisões estratégicas sejam embasadas em dados que fazem sentido para todos.
BossaBox — Quais desafios você considera mais complexos no papel de Gerente de TI atualmente?
Tiago Souza — Atualmente, como Gerente de TI, enfrento diversos desafios complexos. Um dos maiores é a necessidade de equilibrar a inovação tecnológica com a segurança cibernética. A velocidade com que as tecnologias evoluem exige uma adaptação constante, ao mesmo tempo em que a proteção contra ameaças cibernéticas se torna cada vez mais crítica.
Além disso, a gestão de equipes multidisciplinares, com perfis técnicos variados, e a necessidade de manter a comunicação eficiente dentro da organização são questões desafiadoras. A integração de novas tecnologias, como inteligência artificial e automação, também traz desafios em termos de treinamento contínuo da equipe e adaptação dos processos.
Outro ponto crucial é a gestão de custos, já que muitas vezes há a pressão para entregar resultados rápidos, sem comprometer a qualidade e a segurança dos serviços de TI.
BossaBox — O que você acredita ser essencial ao estruturar times de engenharia e produto para evitar silos e promover uma colaboração eficaz? Algum modelo de integração funciona particularmente bem na BOLD SNACKS?
Tiago Souza — Para evitar silos e promover uma colaboração eficaz ao estruturar times de engenharia e produto, acredito que a chave está em criar uma cultura de comunicação aberta e objetivos compartilhados. É essencial estabelecer canais de comunicação claros e processos ágeis, onde todos os membros da equipe compreendam o impacto de suas ações nas diferentes áreas.
Uma prática importante é a criação de squads multifuncionais, onde engenheiros, designers, PMs e outros stakeholders trabalham de forma colaborativa desde o início do ciclo de desenvolvimento do produto, alinhando expectativas e prioridades.
Na BOLD SNACKS, um modelo que tem funcionado muito bem é o uso de cerimônias ágeis, como as reuniões diárias de stand-up, retrospectivas e sprints planejados em conjunto. Isso ajuda a garantir que todos estejam na mesma página e permite ajustes rápidos ao longo do processo.
Também incentivamos uma forte troca de feedback entre as equipes de engenharia e produto, permitindo que todos contribuam com suas perspectivas para o sucesso do projeto. Esse modelo tem facilitado a colaboração e evitando a fragmentação entre as equipes.
BossaBox — O que você não considera eficiente em estruturas de times tradicionais de TI?
Tiago Souza — Em estruturas tradicionais de TI, muitas vezes a eficiência é comprometida pela rigidez hierárquica e pela separação excessiva de funções. A falta de comunicação fluida entre as diferentes áreas pode gerar silos de informação, onde cada time trabalha de forma isolada, sem um alinhamento claro com as necessidades de negócios ou com as demais equipes. Isso pode resultar em atrasos, falta de flexibilidade e soluções que não atendem completamente às demandas de outras áreas ou aos objetivos estratégicos da empresa.
Além disso, em modelos tradicionais, os processos são frequentemente burocráticos e lentos, dificultando a agilidade na entrega de soluções e a adaptação às mudanças rápidas do mercado. O foco excessivo em cumprir etapas específicas do ciclo de vida do projeto, sem uma visão holística do produto ou serviço, pode levar a entregas desconectadas da visão global da organização. Em vez disso, acredito que estruturas mais ágeis, com maior colaboração entre equipes e uma abordagem mais integrada e interativa, tendem a ser mais eficazes no ambiente atual de TI.
BossaBox — Ao considerar parceiros externos de tecnologia, quais critérios você apontaria como essenciais para identificar soluções realmente promissoras e evitar aquelas que possam se tornar dependências problemáticas?
Tiago Souza — Quando consideramos parceiros externos de tecnologia, é essencial avaliar não apenas a qualidade técnica das soluções oferecidas, mas também sua capacidade de agregar valor a longo prazo, sem criar dependências problemáticas. Alguns critérios que considero fundamentais incluem:
Valores, alinhamento estratégico, escalabilidade e flexibilidade, suporte e relacionamento contínuo, reputação e estabilidade do fornecedor, serviços de alta disponibilidade e custo total dos serviços (Não só manutenção, o que se tem por trás, consultorias, implementações, etc…)
BossaBox — O que você não considera útil ao reportar métricas de produto para lideranças não técnicas? Como transformar dados técnicos em narrativas estratégicas?
Tiago Souza — Quando reporto métricas de produto para lideranças não técnicas, é crucial evitar a apresentação de dados excessivamente técnicos ou de baixo nível, como métricas puramente operacionais (ex: tempo de resposta de servidores, quantidade de linhas de código ou falhas técnicas) que podem ser difíceis de interpretar e, muitas vezes, não têm relevância direta para as decisões estratégicas. Também é importante evitar informações não entendidas ou termos técnicos que possam criar distâncias entre as equipes de produto e as lideranças.
Para transformar dados técnicos em estratégicos, é necessário traduzir essas métricas em indicadores que tenham impacto direto no negócio, conectando-os com os objetivos estratégicos da empresa. Por exemplo, em vez de apresentar métricas como “taxa de erro de sistema” ou “tempo médio de resposta”, podemos focar em dados como “impacto na experiência do usuário”, mostrando como as melhorias ou problemas técnicos afetam a satisfação do cliente ou o resultado do negócio.
LEIA TAMBÉM: Como DevEx e Métricas DORA podem transformar a gestão e o desempenho do time
Uma abordagem eficaz é contextualizar os dados: como um aumento na performance do sistema pode resultar em uma melhor experiência para o usuário e, por consequência, aumentar a conversão ou reduzir o churn. Além disso, o uso de visualizações claras e comparação com benchmarks do mercado também pode ajudar a facilitar a compreensão e a tomada de decisão por parte de líderes não técnicos. Ao construir essas narrativas, é importante sempre conectar os dados ao impacto financeiro ou estratégico que eles representam para o negócio.
BossaBox — Na sua visão, quais dois temas ou áreas de discussão você considera mais relevantes para apoiar lideranças de tecnologia e produto a enfrentar os desafios atuais?
Tiago Souza — Transformação digital e inovação Contínua e Cultura ágil e colaborativa.
Esses dois temas são cruciais, pois enfrentam diretamente os desafios relacionados à velocidade da inovação tecnológica e à necessidade de adaptação organizacional frente a um ambiente dinâmico e altamente competitivo.
Colunistas convidados
7 minutos de leitura
Ler artigoFreelancing Profissional e Trabalho Remoto
6 minutos de leitura
Ler artigo