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Liderar equipes de tecnologia exige mais do que conhecimento técnico. Com a evolução rápida de temas como transformação digital e IA, muitos líderes encontram-se no centro de uma transição complexa entre expectativas inovadoras e necessidades operacionais primárias. Em nossa conversa, Kauê Carvalho (Head de TI e Inovação Digital na Dr.monitora) destaca os desafios reais enfrentados por Heads de Tech, focando no alinhamento entre tecnologia e negócio e na importância de entender profundamente o papel estratégico da tecnologia nas organizações.

BossaBox —  Quais são os principais desafios que você vê os Heads de Tech enfrentando atualmente, e como você tem navegado por esses obstáculos em sua jornada?

Kauê Carvalho —  Muito se fala em transformação digital, inteligência artificial, etc. São temas do momento e merecem sim atenção, mas ainda temos necessidades primárias que precisam de atenção na estratégia tech. A meu ver, os principais desafios ainda esbarram no alinhamento entre tecnologia e negócio. As organizações tendem a ver a tecnologia como centro de custos e não como o centro de resultados que poderia ser. Muito se dá pela “old school” das lideranças de tecnologia que acabam se limitando ao básico, como suporte, infraestrutura e desenvolvimento.

O segredo aqui é compreender e dissipar os objetivos organizacionais no uso de tecnologia, somente assim trazendo o tão importante alinhamento com o negócio, olhando não só para a produtividade dos usuários, mas também para oportunidades de novos negócios e produtos, usando o chapéu da inovação.

BossaBox — Como você garante que o time de tecnologia e a estratégia de negócios estejam sempre alinhados na Dr.Monitora, impulsionando resultados e inovação ao mesmo tempo?

Kauê Carvalho Toda a estrutura organizacional, o que inclui todas as camadas tech, precisa compreender os objetivos reais das atividades que estão realizando. Tudo tem um propósito e difundir esse propósito é o que traz o sentimento de pertencimento e o senso de propriedade nas ações. É fundamental ter um bom planejamento estratégico, que seja robusto e com garantias de uma execução fiel, para isso, envolvendo todo o time. A melhor forma de acompanhar e mensurar um planejamento estratégico é ter as ações em calendário, com status de conclusão, tendo em mente que temas não planejados surgirão.

BossaBox — Se você fosse montar uma “caixa de ferramentas” para um Head de Tech de sucesso, quais habilidades indispensáveis estariam lá, tanto para você quanto para seu time?

Kauê Carvalho Quando falamos de hard skills e soft skills, temos elementos que são mandatórios para uma gestão e times de sucesso em tecnologia. Há uma tendência de especialização no mercado, onde se torna cada vez mais escassa uma gestão realmente generalista, que possa transitar em todas as principais vertentes tech, dentre elas: suporte, infraestrutura, segurança, desenvolvimento, inovação, treinamentos e gestão de custos/fornecedores. Gestores estão cada vez menos generalistas, o que os tornam reféns de seus times. Para isso, quando se trata de hard-skills: amplo conhecimento generalista e capacidade de montar times com especialistas.

Já quando o assunto é soft skills não abro mão de: comprometimento, pertencimento e proatividade. Profissionais com essas características podem cometer erros, mas sempre por ação, não por omissão. Times de alta performance aprendem rápido com os erros e a liderança tem o papel dessa condução.

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BossaBox — Que passos práticos você sugeriria para transformar o time de tecnologia em um verdadeiro pilar estratégico dentro do negócio, recebendo o reconhecimento que merece?

Kauê Carvalho A resposta é pragmática: liderar pelo exemplo e disseminar propósito. Ainda vemos gestores que tentam agir como maestros sem saber tocar os instrumentos, utilizando-se apenas da autoridade. Não é necessário ter conhecimentos profundos, mas a noção de execução é mandatória para ter maior controle na gestão. Além disso, a comunicação constante dos objetivos estratégicos e a integração entre áreas são fundamentais para essa transformação.

 

BossaBox — Quais são seus segredos de aprendizado contínuo? Tem alguma fonte de conhecimento (newsletter, blog ou podcast) que você considere imperdível para líderes de tecnologia que estão sempre buscando evoluir?

Kauê Carvalho A internet está inundada com informações, das mais inúteis até as mais relevantes. Os algoritmos das redes sociais te colocam em uma bolha de conteúdo e costumo usar isso para selecionar conteúdos de tecnologia que podem agregar conhecimento e desenvolvimento. Além disso, o networking é ponto estratégico no desenvolvimento contínuo. Quando você atua com benchmarking constante com seus pares do setor, percebe que conhecimento nunca é suficiente. A melhor forma de exercitar é participar de eventos do segmento.

 

BossaBox — Se você fosse organizar uma mesa redonda entre Heads de Tech e Produto, que assuntos quentes não poderiam faltar na discussão? E tem algum tema que você acha que ainda está passando despercebido, mas que deveria ter mais foco?

Kauê Carvalho O desenvolvimento de sistemas ainda segue velhos hábitos, apesar das constantes mudanças de frameworks. É incrível como ainda temos lideranças que esperam soluções sistêmicas sem ao menos testar os próprios processos. Heads de Tech e de Produtos precisam liderar essa conscientização, fomentando pilotos dos processos e gerindo as demandas.

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